sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Que isso, Lewandowski!

   No primeiro embate político que o julgamento do "mensalão" proporcionou após o voto pela condenção de quase todos os réus, com a exceção do ex-ministro Gushiken, da acusação de peculato, pelo ministro relator do processo Joaquim Barbosa, Ricardo Lewandowski não se fez de rogado e absolveu de forma veemente João Paulo Cunha (PT-SP), e à reboque Marcos Valério (o ex-kojak mineiro), da mesma acusação.

   Voltemos no tempo para entender melhor o voto de Lewandowski. Ricardo "absolvidor" Lewandowski tentou por duas vezes adiar o julgamento do "mensalão" para o ano que vem. Foi pessoalmente ao presidente do Supremo, Ayres Britto, para tratar do assunto, à pedido do PT. O que os mensaleiros queriam mesmo era os ministros Cezar Peluso e Ayres Britto fora do tribunal antes do início do julgamento. Peluso se aposenta em setembro e Britto em novembro. Certo ou errado, ambos são considerados votos contrário aos mensaleiros.

   Ricardo "demorado" Lewandowski ainda atrasou ao máximo a entrega de sua revisão do relatório do ministro relator Joaquim Barbosa. Com isso "expulsou" Peluso do julgamento. Porém, se Cezar Peluso pedir e Ayres Britto aceitar (e os dois tem suporte regimental para isso), o voto do ministro que está deixando a corte pode ser antecipado na totalidade.

   Mas havia algo mais nos cálculos dos mensaleiros do que estas duas substituições. Em novembro Joaquim Barbosa assume a presidência do STF e não teria como acumular a relatoria e presidência do tribunal. Seria forçado a repassar a relatoria para outro, e esse seria o melhor dos mundos para os mensaleiros. Ainda que um substituto pegasse o processo de onde ele deixou, relator pleno seria, com licença, portanto, para mudar o rumo daquela prosa.

   Outro dado importatne nessa dança das cadeiras: haverá dois novos ministros na corte, ambos indicados por Dilma. É certo que um será Luís Inácio Adams (achou que era o Lula né?), atual advogado geral da União. O outro deve ser o petista José Eduardo Cardozo, atual ministro da Justiça.

   Isso posto, o que se diz pelos corredores do STF é que já se pode sentir um cheirinho de pizza no ar. Lamentável! Uma instituição chamada Supremo Tribunal Federal não esteve sob tal risco de desmoralização nem durante a ditadura militar, onde havia magistrados que queriam ser livres mas não podiam. Hoje em dia o que se vê no tribunal são aqueles que podem ser livres, mas não querem.

Eles começam a virar o jogo!
Estamos alertas, e você????
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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Não queremos mais do mesmo

   Começaram hoje, no rádio e na TV, as propagandas políticas para as eleições municipais de 2012. E começou como sempre foi: com candidatos tentando a reeleição, tentando voltar depois de algum tempo fora da vida pública, tentando se eleger pela primeira vez, tentando um cargo público para garantir um bom emprego pelos próximos quatro anos, tentando (alguns poucos) realmente fazer alguma coisa boa, presidentes de sindicatos ou representantes de bairros lutando pelos "seus companheiros" e aqueles que fazem gracinhas pra conquistar os votos daqueles eleitores revoltados que elegem "tiriricas" pelo país a fora como uma forma de protesto.

   Não candidatos, não! Nós não queremos mais do mesmo! Pelo menos eu não! Não vou reeleger aqueles que tiveram quatro anos para fazer e nada fizeram. Não vou ressuscitar outros que também nada fizeram e agora tentam voltar. Se não voltaram antes, por que merecem voltar agora? Não vou eleger presidente do sindicato das empregadas, dos metalúrgicos, dos taxitas ou qualquer outro sindicato porque não sou sindicalizado e nenhum desses candidatos lutarão por mim. Também não vou votar no representante do bairro Esplanada, do bairro Prgresso ou qualquer outro bairro, porque não moro nesses bairros e além do mais, o candidato eleito tem que lutar por todos os bairros da cidade e não por um bairro específico.

   E, principalmente, não vou votar nos palhaços que filiam-se a partidos e vão fazer gracinhas no rádio e na TV pra conseguir os votos dos eleitores revoltados. Eu sou um eleitor revoltado, mas não desperdiço meu tempo e meu voto com palhaços que deveriam estar no picadeiro. Lembram do candidato Tico-tico? "Me ajuda! Me ajuda! Me ajuda!" Foi eleito e o que fez pela cidade? A única coisa que me lembro dele foi quando dormiu na Audiência Pública que discutia a criação de um Conselho Municipal voltado para juventude. Agora nesse ano tem um coitado que se candidatou a vereador com o nome de Colé, isso porque o infeliz vendia picolé na rua e saía gritando "ó o colé". O discurso dele na "propaengana política" é: "Ó o Colé... vote no Colé... ó o Colé..." Eu pergunto: nós vamos fazer o mesmo que fizemos com o Tico-tico? Vamos botar o Colé na Câmara pra ele dormir nas sessões e ganhar 10 mil por mês mais os extras?

   Tem também aqueles que lutam pelos animais, prometem ônibus mais barato, mais e melhores escolas, professores com melhores salários, um posto de saúde aqui e outro ali e por aí vai.

   Essa mensagem é pra você eleitor! Não desperdiçe o seu voto. Não se suja não! Mostre sua indignação, faça sua manifestação. Tenha mais informação, concientização, comunicação, reinvidicação, participação. No voto e na pressão! Reformulação e mais quantos "ãos" forem necessários!

O que fez o candidato que você elegeu na eleição passada?
Estamos alertas, e você????
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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A face do bem

   Lula mal tomara posse, em janeiro de 2003, quando lhe caiu no colo a oportunidade de escolher o primeiro dos oito ministros que indicaria para o STF durante seus dois reinados. Incumbiu o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de garimpar um nome. Manifestou um desejo: gostaria muito de enviar ao Supremo um negro.

   No mês seguinte, fevereiro de 2003, Joaquim Barbosa, então professor visitante da Universidade da California, em Los Angeles, foi alcançado por um e-mail enviado por um desconhecido: Sérgio Sérvulo. A mensagem viraria do avesso sua rotina e abriria em sua biografia um capítulo novo.

   Então assessor de Thomaz Bastos, Sérvulo fez saber a Barbosa que seu chefe desejava reunir-se com ele em Brasília. Ao tomar contato com o currículo do seu achado, o ministro da Justiça de Lula reagira como se houvesse bamburrado, como dizem os garimpeiros, quando a sorte lhes sorri no serviço de mineração.
Além da coloração de pele requerida pelo presidente, Barbosa exibia bom currículo. De origem humilde, primogênito de oito filhos de um pedreiro com uma dona de casa da cidade mineira de Paracatu, o escolhido formara-se e pós-graduara-se na Universidade de Brasília. Melhor: era doutor pela Sorbonne, a prestigiosa usina de canudos de Paris. Antes de chegar à Universidade da Califórnia, lecionara como visitante na faculdade de Direito de Columbia, em Nova York. Como se fosse pouco, era também eleitor de Lula, Thomaz Bastos ficaria sabendo depois.

   Barbosa voou para Brasília. Foi ter com o titular da Justiça, a quem não conhecia senão de nome e de fama. Retornaria a Los Angeles apenas para providenciar a mudança e vender um carro. Em junho de 2003, tomou posse no Supremo. Decorridos nove anos, tornou-se um algoz do PT, uma pedra no sapato do ex-minerador e uma ameaça ao verbete que a enciclopédia reserva ao governo do ex-mandachuva da mina.

   Nesta segunda-feira (20), na pele de advogado de um dos réus da ação penal do mensalão, Thomaz Bastos protocolará no STF, junto com defensores de outros acusados, petição contra uma tese cara ao relator Barbosa. Na peça, os doutores classificam de aberração o julgamento fatiado. Reivindicam a leitura integral dos votos dos juízes, não a análise por capítulos.

   Julgado à moda de Barbosa, o processo do mensalão ganha lógica, realça a tese de formação de quadrilha e potencializa a hipótese de condenações em série. Algo que, se confirmado, faria da história do governo Lula uma ponte ligando o sucesso ao “por outro lado”. Com um escândalo no meio.

   Quando pudesse finalmente se pronunciar sobre o passado ainda em suspenso, o verbete da enclopédia teria de anotar que Lula distribuiu renda como nunca antes na história desse país. Por outro lado, permitiu que fossem distribuídas também as valerianas de má origem que azeitaram o apoio no Congresso. Ao contribuir para derrubar o lero-lero segundo o qual o escândalo é uma lenda, Barbosa deve inspirar no ex-presidente que ajudou a eleger uma irremediável sensação de arrependimento.

   Lula queria apenas um negro no STF ao indicar Barbosa, mas acabou arranjando um bom algoz.


Estamos alertas, e você????
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